Somos todos desterrados, destelhados, vivendo dias lúgubres longe da nossa pátria.
Temos braços cansados, mãos nodosas da luta para conquistar uma terra que não é nossa.
Olhos cansados de noites (mortas) vividas em claro, em busca de tesouros flácidos e frágeis.
E o que somos nós? Estrangeiros numa terra que foi alimentada por nosso sangue?
Somos todos os bastardos preferidos de uma pátria-mãe que não nos mira os olhos.
Meio-irmãos de uma família que não ama nosso sangue, e sim, nossa força.
Jogados no canto da mesa ou gentilmente convidados a nos alimentar num cômodo escuro.
E o que somos nós? Indigentes, nômades, expatriados, errantes? Talvez não exista palavra única para falar sobre nós.
Perdemos mães, filhos, pais e irmãos; porém mais do que isso: perdemos idioma, cultura e fé.
Nosso peito foi rasgado por uma baioneta envenenada e um disparo cruel explodiu nosso coração.
Nossas lágrimas lavam o chão sujo da corrupção alheia e nosso grito de socorro é escutado por ninguém.
E eu me pergunto: quem somos nós? Quem somos nós? Quem somos nós...
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