sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pra Não Voltar

"Fá com baixo em fá; fá com baixo em fá sustenido." A Banda Mais Bonita da Cidade

O apartamento era o mesmo, não pequeno, aconchegante, diziam eles. A maioria dos móveis eram estantes e todas abarrotadas se livros. Alguns discos de vinil contracenavam com os cabos dos notebook's que sempre estavam prontos à escrever. O quarto guardava aqule cheieinho de amor eterno, guardava mais livros e um violão. A cozinha era pequenina, mesa pra dois e quase nunca com comida caseira. A geladeira era decorada com os mais duversos imãs, que iam de representações cartunescas de Frida Kalo até uma figurinha do Pelé.

Mas hoje as coisas não estavam assim, nada aconchegande, sequer pequeno. Era tudo apertado, sufocante e uma certa melancolia pairava no ar, uma tristeza sem nome. Qual preço se pode pagar pela felicidade? Qual valor possui sua liberdade? Não havia mais forças para ir além. Quanto tempo iria demorar para que tudo se tornasse realidade? 

A casa nunca existiu. As paredes cheias de livros na verdade eram as paredes de dois corações abarrotados de sonhos. O cheiro de amor eterno era o cheiro de amor que não veio. O embrião do nosso amor foi abortado pela nossa pressa de ser feliz. A cozinha decorada não passava de um caderno de frases soltas e cartinhas de amor.

Restou um silêncio ao telefone. Uma conversa inacabada que termina assim:
- Vou desligar, preciso dormir.
- Guarda um sonho pra mim?
- De chocolate?
- Não, de amor.

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