sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pétala Negra

Só temo que sua poesia te mate. Que cada verso seja como a ultima nota de um réquiem incompleto. Queira, o bom Padre Eterno, que não seja eu diante de uma cova que escreva o ultimo compasso.

Pena que mentir para si é como tentar se fazer cócegas. Por mais que se concentre, seu corpo sempre sabe que são cócegas totalmente previsíveis; por mais que eu tente, sempre vou saber que é uma mentira. Minha e para mim, mas ainda uma mentira.

Parece que a todo tempo a morte (o lado ruim dela) coloca a ponta de seu dedo podre em cada pitada de beleza da sua poesia. É uma marca, uma assinatura de uma co-autora sinistra e indesejada.

Disparo contra ela rajadas de palavras, mesmo sabendo que elas não fazem efeito. Como se você criasse uma barreira para mantê-la ai, ao seu lado. Num olhar cínico e sagaz ela me fita longamente, como quem tem a segurança de que nunca vai morrer. Me olha como quem diz: “ hoje estou aqui... Amanhã posso estar do seu lado.”

E mesmo que em cada botão de rosa nasça uma pétala negra, continuarei amando esse jardim que me fez ver que a mais linda flor ainda respira num local seguro. Como nunca disse Ernesto: “vocês podem para uma ou duas flores, mas nunca irão deter minha querida primavera”.

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