sábado, 25 de setembro de 2010

Reflexões da Alvorada

Era um momento atípico, incomum. Sentou-se no sofá improvisado, bebendo uma bebida improvisada (como uma casa não tinha café?). Mas era sua vida. Os pássaros ainda cantavam em ‘piano’, mas cantavam todos. Como escrever com analogias musicais o fazia lembrar-se de um amor que já partiu. Fora ela que o ensinou a amar tanto a natureza? Ele já não se lembrava da resposta. A inspiração atravessou tanto a madrugada que ganhou o dia que nascia novo.

‘Agora sim começou o sábado’ pensou consigo mesmo. A fonte seca começava a borbulhar lentamente, ninguém sabia de onde vinha essa água nova, mas era boa, tão boa de sentir molhando os lábios e correndo ligeira pela garganta seca. Quantos dias? No calendário marcava cinco ou sete, no coração uma eternidade.

Sempre lhe ensinaram para não trocar o certo pelo duvidoso, mas tem dias que nossas duvidas são tão atraentes. O sorriso tinha sua beleza, o semblante e as conversas tinham o seu charme, vale à pena arriscar? Ele conseguia ver o Taj Mahal equivocado no cinema, mas não saberia dizer se o amor estava nela ou não. A outra era mais séria, centrada o tipo de desafio que ele adorava. E o passado como fica?

É melhor parar. Arrastar o sofá improvisado pra varanda, pegar o violão e dedilhar as poucas músicas que conhece. Pensar é uma benção ; questionar-se um dever ; descobrir-se um temor. Falta a bem amada, a causa alcançada, o Hércules na calçada ; o que lhe falta não deixa triste ou com temor, mas o mostra que ainda existe muito o que se viver.

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