terça-feira, 14 de setembro de 2010

Véu da Noite

“Oi, trouxe tudo: café, boas conversas, música nova, inspiração e o violão já está afinado.”

“Oi. Obrigado por me deixar escrever, mas precisava demorar tanto?”

“Que isso; e eu não demorei, sempre chego a essas horas.”

“Eu te esperei o dia todo.”

“Você o que?”

“Ah! Pois é. Por que as coisas tem que ser assim?”

Risos. ”Não sei quando combinamos isso, mas... Você passou tantas manhãs desenhando, não pensou em ficar por lá?”

“Ta me dispensando?”

“Não, jamais.”

“Acho que foi no ensino médio. Gastava as madrugadas lendo e colocando idéias no diário.”

“Verdade! Eram tão bonitas suas divagações, você ainda guarda?”

“Vê as caixas? Está em alguma delas.”

“Deverias voltar lá, ajuda bastante.”

“Eu sei disso. Continuo lá, quando você chega consigo dizer as mesmas coisas, e agora outras pessoas podem ver também antes tinha muito segredo.”

“Isso me alegra. Desculpa, mas você poderia me abraçar? Estou um pouco fria hoje...”

“Bem que eu queria... Adoro quando você está quente (sem trocadilhos). Fica tão fácil caminhar vários quilômetros.”

“E por que não faz isso?”

“Todos meus amigos que pensam assim moram muito longe, ou sou eu quem mora longe?”

“É você. Mas olha eu vim para você poder escrever, se ficarmos conversando não vai dar muito certo.”

“Verdade. Fica por ai me vigiando.”

“Estarei sim, pode deixar.”

“Sei que é estranho dizer isso, mas... Boa noite madrugada.”

Gargalhou e ficou o observando.

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