sábado, 23 de outubro de 2010

Gêmeos do Mal

Heróis e vilões, todos convivem com isso desde muito pequenos, nos desenhos, nas brincadeiras e nas cantigas de roda. Não dá pra negar que pelo menos uma vez o vilão chamou bem mais atenção que o mocinho; cá entre nós o mocinho é sempre o mocinho: dócil, amável, respeitador, honrado e corajoso. Não pode e nem quer fugir muito disso. Já os malvados eles são tão versáteis quanto versáteis podem ser: às vezes são monstros gosmentos com cores estranhas e poderes esquisitos; outros são doutores megalomaníacos com idéias mirabolantes; já vi alguns que são tristes melancólicos idealistas que querem mudar o mundo (sem contar os loucos extravagantes que querem destruir tudo para governar... nada?).

Mas ela era uma vilã diferente: era alta, corpo esguio, cabelos longos e escuros; olhos tão negros quanto uma noite sem lua, eram olhos que carregavam um ar debochado, superior e displicente; pele clara e sorriso radiante. Quem a visse de longe pensaria logo que ela era a mocinha, a princesa a ser salva, a donzela presa no quarto mais alto, da torre mais alta. Mas quem pensava isso se enganou, e feio.

Certo dia até prenderam ela num lugar, protegida por um dragão feroz e até aquele dia tido como indestrutível, mas ela não ficou ali muito tempo. Enfezou-se de tal maneira que saiu do quarto, matou o dragão, comeu um pouco da carne e ainda usou o couro para fazer uma bolsa linda. Ela serrava o galho das arvores e depois pedia pro mais corajoso escalar, só pra ver o coitado se espatifar no chão. Roubava os ovos dos passarinhos, fritava e cominha bem embaixo da árvore onde ficava o ninho. Colocava tachinha na cadeira da diretora só pra ouvir os gritos de indignação de Dona Sandra.

Mas um dia ela encontrou alguém tão malvado quanto ela. Entre as maldades dele estavam prender a língua de dois gatos com super bonder e um pequeno incêndio na televisão do quarto (o que rendeu um pintura nova para toda a casa por conta da fumaça). Tinha a pele negra, um jeito altivo e ouvidos tão atentos que era capaz de conversar e ainda ouvir duas conversas paralelas. Nunca lhe faltou uma resposta, a ponta de sua língua era uma flecha envenenada.

Quando se viram não foram necessárias palavras, sabiam que ali estava um belo exemplar de maldade. Tornaram-se aliados no mesmo instante, começaram a compartilhar as traquinagens e nas rodas de conversa eram sempre os mais terríveis e temíveis. Um era uma versão melhorada do outro o que lhes rendeu o apelido de Gêmeos do Mal.

O tempo passou e mesmo com os dois brigando às vezes, tornaram-se grandes amigos; aprontaram tanta coisa juntos. De tanto fazerem maldades em algumas situações foram verdadeiros heróis, mas isso eles nunca vão admitir. Ouvi dizer que viajaram pra Itália afim de “arrumar” a torre de Piza; encontrei uma lista na com a letra dos dois:

- Maquiar a Mona Lisa
- Apagar a pira Olímpica
- Furar as bolas da final da copa
- Contar os três segredos da Fátima (Vizinha)
- Colocar pó de mico na batina do Frei Dimas

E algumas outras coisas que não quero nem me lembrar. E assim eles seguiram, sempre perguntando: “travessuras ou travessuras?”

Um comentário:

  1. ameeeii, o melhoor de todos,

    é óbvio que seria o melhor né?!

    afinal, esses vilões são demaaaais...

    e pode ter ceeerteza de que nossa aventura não termina por aqui, e ainda vamos realizar muuuitas travessuras, eioueoiueoieu :)

    beeijos, Gabi Santos

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